1º dia

Saí daqui com aquele frio na barriga. Entrei no prédio da faculdade e fui direto para o pátio saber qual era a minha sala. Achei meu nome na sala 29.
E?
Onde raios era a sala 29?
Comecei a andar em círculos. Eu não queria, relutei e teimei...mas tive que perguntar. Droga. Para 2 pessoas diferentes. E uma terceira me ajudou voluntariamente até que eu consegui.
Sentei bem no meio e fiquei lá esperando. Péssimo isto, a sala com pessoas sentadas e mudas. Chega o professor. Ele tinha um notebook na mesa e projetou a tela na lousa. Eu nunca tive um professor com notebook.
A matéria era logo Administração Financeira.
Chega o intervalo e o professor não tinha parado de falar um minuto.
Uma mocinha sentada do lado da janela levanta levando suas coisas e começa a falar com o professor. Eu fico olhando e eles me envolvem na conversa, e vai chegando mais pessoas. Ela estava super aflita porque não tinha entendido nada do que o professor falou e estava em dúvida se queria fazer aquele curso mesmo, ela estava se dirigindo para a coordenação para pedir a mudança. Quando ela contou a história vi que se tratava de uma pessoa muito aflita, um tanto apressada. Ela era aeromoça até o dia anterior. Pediu demissão para poder estudar e, embora ela sempre teve o sonho de ser médica, foi ser aeromoça. Ela estava desesperada, coitada. O pessoal tentou acalmá-la, que meia aula era muito pouco para saber se ela queria ou não continuar...mas não teve jeito, ela foi embora. Me deu a impressão de que ela estava passando em frente a faculdade e teve o impulso de fazer a matrícula, assim como quem passa na frente da vitrine e compra uma blusa. E depois não sabe com o que usar.
Mais aula de administração financeira. O tempo passando e o professor se empolgando ainda mais. Eu tinha a esperança de que por ser a primeira aula não fosse tão 'aula', mas ele levou até as últimas consequências. Só não deu exercícios porque já faltava dez para as onze. Contas de juro real, taxa de inflação e elasticidade do preço de demanda não estava mais fazendo nenhum sentido...
Ufa.
Pude ir embora. Morreeeendo de sono. Para quem estava acostumada a dormir antes da novela acabar, aquilo era muita coisa.
O ônibus demorou pra caramba, mas 20 minutos depois que ele veio eu já estava em casa. Só consegui tomar um leite e ir dormir.
E hoje estou aqui, que nem um zumbi.
É...essa é a minha nova rotina. Vamos lá...