Single

Estou me sentindo muito sozinha. Faz 15 dias mas parece que faz mais.
Terminar um relacionamento de 6 anos não é coisa fácil e é redundante afirmar isso.
Embora esteja rodeada de poucas mas ótimas pessoas do meu lado, um pedaço de mim sente a falta absurda que ele me faz.
Porque eu tô vazia por dentro. Tô meio que em órbita.

A gente vai levando porque gosta muito. De repente, gostar muito não é o suficiente. Os pequenos erros que sejam se tornam enormes e estragam tudo. Na verdade estou me sentindo sozinha há um bom tempo. Mesmo juntos eu me sentia sozinha.
Porque eu caminhava por uma direção, tentava puxá-lo sem ele perceber, mas ele estava caminhando em outra direção. Aí as nossas mãos se soltaram. E eu estou aqui.

Não está sendo fácil ouvir nenhuma música, olhar para qualquer direção, assistir filmes, comer no McDonalds, olhar para o shopping, andar de carro, vestir aquela roupa, ver a lingerie nova na gaveta, passar meu perfume de sempre, viajar pra praia, viajar pro campo, viajar pra lua....

Eu tinha planos. Eu fazia planos em silêncio. Eu fazia tudo em silêncio. Eu fantasiava tudo só pra mim. Eu guardei todas as minhas frustrações e desejos e deixei que isso influenciasse no meu comportamento. Vários sentimentos enrustidos que fizeram de mim uma pessoa alheia, distante, preguiçosa, prepotente.
A baixa auto-estima que sempre me acompanhou triunfou mais uma vez. Porque eu sempre achava que dividir isto tudo me prejudicaria. And isn't it ironic?

E o golpe de misericórdia que eu dei em mim mesma foi ter vivido pra ele. Em função dele. Dos seus horários, da sua disponibilidade, de onde ele tinha vontade de ir, da individualidade que ele queria tanto ter. Como num passe de mágica ele ligava e eu estava lá.
Mas ele nunca vinha.
Ou se ele quisesse que eu não fosse, eu não ia! Eu achava que era super legal ser a namorada que não implicava com as saídas dele.
E eu não ia...ficava em casa vendo TV.

Eu não sou de fazer amigos a torto e direito. Sou a anti-social inveterada, mesmo depois do Dale Carnegie o círculo de amizades não mudou muito. Eu não tinha com quem sair, então ficava e esperava o dia seguinte para ir lá onde ele estava.

E isso me bastava. Só ele me bastava. Mas eu não bastava a ele. Eu não preenchia o espaço que pensava. Eu não fazia parte.

Então eu comecei a ver que eu tinha muito pouco. Era muito pouco, eu queria mais. Queria compromisso, futuro, companhia, troca, eu queria amor! Não estou mais com 18 anos que tenho a vida inteira para pensar nisso. Estou pensando nisso já. Mas guardava pra mim, deixava isso remoer por dentro. Deixava me infectar.

Mas hoje ouvi que eu sou a única culpada pelo fim. Tudo o que eu fiz, todo o tempo, todo o zelo, todo o amor imenso que eu tenho foram culpados.
And it is ironic!!

Pois bem. Sou culpada por amar demais. Sou culpada por me anular, sou culpada por ter ambições pra melhorar de vida, sou culpada por saber o que quero da vida. Confesso.

A minha punição está sendo bem severa. Não acho que seja uma punição justa, mas quem liga para os condenados? Já ouviu falar que todo castigo pra corno é pouco? Verdade. A mais pura verdade.

E essa dor que não passa? Queria arrancar ele de mim. Queria dormir e acordar daqui um ano, com perda de memória recente. E acordar outra. E acordar a pessoa que eu sempre quis ser e nunca consegui.

Mas o tempo, este meu amigo permanente, este vai ter que me ajudar. Ah, vai.